Levantamento recente da plataforma Observa — Observatório do Marco Legal da Primeira Infância aponta que 94% das matrículas em creches no Brasil são em estabelecimentos que possuem área externa, ou parque infantil ou brinquedos para educação infantil.
Porém, ao analisar os dados desagregados, apenas 41% do total de matrículas em creche com pelo menos um dos itens elencados são em estabelecimentos com área externa — sendo esse um item importante para a retomada das aulas em um contexto de pandemia.
Ao comparar esse indicador entre as regiões brasileiras, temos o Norte com 47% do total das matrículas em creches com área externa; Nordeste 39%; Centro-Oeste 59%; Sul 60%; e Sudeste com 32% do total das matrículas em creches contam com área externa.
A cidade de São Paulo, a mais rica do país, segue a tendência da região Sudeste, já que apenas 33% do total das matrículas em creche são em centros de educação infantil com área externa.
Isso significa que 67% das crianças matriculadas em creches que possuem pelo menos um dos itens analisados pelo indicador na cidade de São Paulo estão em estabelecimentos sem área verde.
“O espaço aberto é muito importante para as crianças de 0 a 6 anos, já que amplia as possibilidades do brincar e do desenvolvimento motor. E, com a necessidade de retomada das aulas presenciais, a área externa oferece aos educadores mais opções de atividades ao ar livre”, analisa Diana Barbosa, coordenadora da plataforma Observa – Observatório do Marco Legal da Primeira Infância.
Segundo o site Lunetas do Instituto Alana, experiências ao ar livre têm sido apontadas como solução para adaptar parte das aulas presenciais, a fim de reduzir as chances de transmissão do novo coronavírus e ampliar o contato com a natureza. É também uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que consideram a medida uma alternativa também para pensar as escolas além das quatro paredes de uma sala de aula.
Para o pesquisador Fábio Bravin, servidor na área de Pesquisa e Informações Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a realidade do Sudeste e da capital São Paulo, por exemplo, que apresentam um número elevado de matrículas em creche localizadas em áreas urbanas e sem área externa pode ser explicado pelo processo de urbanização dos grandes centros, concorrência pelos imóveis e valor dos aluguéis.
“Claro que isso é uma hipótese, o indicador aponta uma realidade, mas é preciso ir no território pesquisar para avaliar isso”, explica.
Acesse a plataforma Observa e veja os dados mais recentes sobre educação infantil no Brasil.